A Administração está longe de ser algo somente para empreendedores. Nós a utilizamos durante toda nossa vida, seja planejando um futuro melhor, seja se programando para passear.
Mas para que
estas habilidades comuns pudessem ser aperfeiçoadas e analisadas para
utilizarmos no meio profissional, foi necessário um estudo das ciências
humanas. Este estudo foi desenvolvido há muitos anos e seus “pais” foram
Taylor, Ford e Fayol.
Mas antes de falar sobre estes pioneiros nos estudos da Administração, vamos entender o que significa esta palavra.
A palavra “Administração” vem do latim ad (direção, tendência para alguma coisa) e minister (subordinação e obediência).
Baseando-se nos modelos originais, vários autores definem diversas maneiras a administração. Uma definição bem moderna diz que “Administração
é o ato de trabalhar com e através de pessoas para realizar os
objetivos tanto da organização quanto de seus membros”.
Ou ainda: “Administração e administrar a ação através das pessoas com um objetivo bem definido”.
Ou então: “Administração é o processo de Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar o uso de recursos a fim de alcançar um objetivo”.
Esta última
definição é mais fiel ao modelo original dos “pais” da Administração.
Particularmente, é o modelo em que me baseio mais. Para que possamos
confirmar isso, vamos conhecer os pioneiros da administração e suas
teorias.
Taylorismo
Frederick Winslow Taylor (1856-1915)
Frederick
Taylor, mais conhecido como F.W. Taylor foi um engenheiro mecânico
estadunidense, inicialmente técnico em mecânica e operário. Formou-se
engenheiro mecânico estudando à noite. É considerado o “Pai da
Administração Científica” por propor a utilização de métodos científicos
cartesianos na administração de empresas. Seu foco era a eficiência e
eficácia operacional na administração industrial.
O conceito de eficiência e eficácia, meta e objetivo.
Entendamos
bem a diferença destes termos, que usualmente são confundidos entre
diversos profissionais em suas declarações públicas: Eficiência é quando
diante do gol, nós chutamos a bola, e ela bate na trave. Fomos
eficientes porque CHUTAMOS a bola (caminho, meta, primeiro passo), mas não alcançamos o objetivo (fazer o gol). Eficácia é quando chutamos a bola e FAZEMOS o gol. Atingimos a meta e alcançamos o objetivo.
Portanto, digo
a você: Desenvolvam planos, atinjam as próprias metas e alcancem seus
objetivos. Tudo isso é administrar a vida. A Administração gira ao nosso
redor.
Voltando a
Taylor, embora ele tivesse revolucionado o modo de gerir as empresas com
um método forte, este mesmo método era também sua fraqueza. Ele era
inflexível e mecanicista, o que elevou enormemente o desempenho das
indústrias em que atuou, todavia, igualmente gerou demissões,
insatisfação e estresse para seus subordinados e sindicalistas.
Enfatizo o fato de Taylor ter sido um Operário, ou seja, da menor classe antes de se tornar Engenheiro Mecânico.
Estudos Essenciais do Taylorismo
Taylor elaborou os primeiros estudos essenciais:
-
Em relação ao desenvolvimento de pessoal e seus resultados, acreditava
que oferecendo instruções sistemáticas e adequadas aos trabalhadores, ou
seja, treinando-os, haveria possibilidade de fazê-los produzir mais e
com melhor qualidade. É o sistema que adotamos hoje em dia através dos
Cursos Profissionalizantes, de Graduação e Especialização;
- Em relação
ao planejamento, achava que todo e qualquer trabalho necessita,
preliminarmente, de um estudo para que seja determinada uma metodologia
própria visando sempre o seu máximo desenvolvimento. Neste caso, entra a
análise das tarefas, para cada vez mais aperfeiçoá-la. Atualmente, é a
nossa “Ambientação” e “Reciclagem”, termo este que não recomendo
utilizar. Reciclar lembra lixo e creio, não estaremos treinando lixos e
sim profissionais, por isso, recomendo o termo: “Aprendizado Contínuo”.
- Em relação à
produtividade e à participação dos recursos humanos, Taylor desenvolveu
o sistema de pagamento por quantidade (ou por peça produzida). Este
procedimento fazia com que os rendimentos dos funcionários aumentassem
de acordo com seu esforço. Isso nos lembra os atuais trabalhos por
comissão, que de certa forma, prejudicam a saúde dos funcionários e não
oferecem valores estáveis;
- Em relação
ao autocontrole das atividades desenvolvidas e às normas procedimentais,
introduziu o controle com o objetivo de que o trabalho seja executado
de acordo com uma seqüência e um tempo pré-programados, de modo a não
haver desperdício operacional. Isto já fazia do serviço algo
estressante, pois os funcionários não deveriam fazer nada além dos
movimentos de trabalho;
- Inseriu
também a supervisão funcional, estabelecendo que todas as fases de um
trabalho devem ser acompanhadas de modo a verificar se as operações
estão sendo desenvolvidas em conformidades com as instruções
programadas.
Enfim, Taylor
concluiu em sua obra, “Princípios de Administração Científica” (1911)
que o melhor jeito de administrar uma empresa é através de um estudo, de
uma ciência.
Este livro baseava-se em 4 Princípios fundamentais:
1 – Princípio do Planejamento:
Substituir os métodos empíricos (que a pessoa aprende com o tempo e
experiência pessoal) por métodos científicos e testados (a pessoa estuda
e passa por uma formação);
2 – Princípio da Seleção:
Como o próprio nome diz, seleciona os trabalhadores com suas melhores
aptidões e para isso são treinados e preparados para o cargo –
lembra-nos o Departamento Pessoal;
3 – Princípio de Controle: Supervisão feita por um superior para verificar se o trabalho está sendo executado como foi estabelecido;
4 – Princípio de Execução:
Para que haja uma organização no sistema as distribuições de
responsabilidades devem existir para que o trabalho seja o mais
disciplinado possível.
Enfim, Taylor
não estava interessado no avanço da tecnologia, mas preocupado em
controlar o trabalho a qualquer nível de tecnologia.
Benefícios para os trabalhadores no método de Taylor
Mesmo
diante da obsessão por controle, Taylor trouxe benefícios aos
trabalhadores e aos empregadores. Para os trabalhadores os salários
chegaram a atingir, em alguns casos, o dobro do que era antes. Os
funcionários passaram a se sentir mais valorizados e isso fez com que
exercessem seus ofícios com mais prazer; Sentiam-se mais acolhidos pela
empresa. Sem contar que a jornada de trabalho foi reduzida
consideravelmente e todos tiveram vantagens, como por exemplo, dias de
descanso remunerados.
Para os
empregadores, os benefícios foram produtos com qualidade superior aos
anteriores, ambiente de trabalho agradável ambas as hierarquias,
evitando assim distúrbios e conflitos que poderiam gerar situações
negativas dentro da empresa (greves e desestímulo, por exemplo). Também
gerou redução de custos extraordinários dentro do processo produtivo,
como a eliminação de inspeções e gastos desnecessários.
Agora que já
conhecemos a história do “pai” da Administração Científica, vamos falar
de alguém muito famoso em relação a carros, que com certeza você
conhece: Ford.
Fordismo
Henry Ford
Fordismo
foi a metodologia empregada por Henry Ford, um importante engenheiro
americano. Nasceu em 30 de julho de 1863, na cidade norte-americana de
Springwells. Faleceu em 7 de abril de 1947, na cidade de Dearborn.
Produziu seu primeiro automóvel em 1892.
Ford é
considerado o primeiro a implantar um sistema de produção em série. O
engenheiro americano notou que era muito mais barato e rápido produzir
um modelo de automóvel padronizado. De acordo com o sistema Fordiano de
produção (também conhecido como Fordismo), o automóvel passava por uma
esteira de montagem em movimento e os operários colocavam as peças.
Logo, cada operário deveria cumprir uma função específica. Desta forma,
existiam operários para determinadas funções (pintura, colocar pneus,
direção, motor, etc.). Neste sistema, um automóvel era montado em apenas
98 minutos, quanto que no sistema do Taylorismo, demorava dias.
O modelo de
automóvel mais famoso produzido por Henry Ford foi o modelo “T”, também
conhecido como “Ford Bigode”. Este veículo foi o mais vendido no final
do século XIX.
Objetivo do sistema
O
objetivo principal deste sistema era reduzir ao máximo os custos de
produção e assim baratear o produto, podendo vender para o maior número
possível de consumidores. Desta forma, dentro deste sistema de produção,
uma esteira rolante conduzia o produto, no caso da Ford, os automóveis,
e cada funcionário executava uma pequena etapa. Logo, os funcionários
não precisavam sair do seu local de trabalho, resultando numa maior
velocidade de produção. Também não era necessária a utilização de mão de
obra muito capacitada, pois cada trabalhador executava apenas uma
pequena tarefa dentro da sua etapa de produção.
Bases e Impactos do Fordismo
Nesta
análise, podemos ver que houve uma rejeição dos métodos de Taylor, que
consistia em capacitar os funcionários através de pesquisa e estudo.
Como eu havia grifado antes, Taylor era operário, portanto, possuía um
pensamento de melhorias para os trabalhadores. Já Ford, era dono da
fábrica, fazendo com que tivesse olhos apenas para a velocidade do
trabalho, não investindo nos funcionários.
Tanto era
dessa forma que contratava deficientes para trabalhar não por
solidariedade, mas por pagar menos a estes funcionários especiais.
Estas empresas
chamavam a atenção do consumidor pelo fato de disponibilizar mais
produtos em menos tempo, deixando os camponeses de lado, que demoravam
para produzir um só produto.
O proletariado
(trabalhadores que confeccionavam o próprio produto para vender), vendo
que estava sendo esmagado pelo crescimento das fábricas e o avanço da
tecnologia, se via sem saídas, a não ser ceder aos empresários e
trabalhar de forma “robotizada”, sem muita liberdade, sem a segurança do
trabalho, trabalhando mais e ganhando muito menos. Mulheres e crianças
também trabalhavam na mesma proporção que os homens. Muitos morriam
trabalhando, por não haver estruturas para a higiene e saúde.
O Fordismo foi
o sistema de produção que mais se desenvolveu no século XX, sendo o
responsável pela produção em massa de mercadorias das mais diversas
espécies, utilizada e aprimorada até os dias de hoje.
Neste período,
a tecnologia avançou muito, porém, a mão de obra barata e injusta criou
muitos problemas sociais, como o desemprego, destinando os camponeses à
mendigagem e criação de favelas.
Declínio do Fordismo
Na
década de 1980, o Fordismo entrou em declínio com o surgimento de um
novo sistema de produção mais eficiente. O Toyotismo, surgido no Japão,
seguia um sistema enxuto de produção, aumentando a produção, reduzindo
os custos e garantindo melhor qualidade e eficiência no sistema
produtivo.
O Fordismo para os Trabalhadores
Enquanto
para os empresários o Fordismo foi muito positivo, para os
trabalhadores ele gerou alguns problemas como, por exemplo, trabalho
repetitivo e desgastante, além da falta de visão geral sobre todas as
etapas de produção e baixa qualificação profissional. O sistema também
se baseava no pagamento de baixos salários como forma de reduzir custos
de produção.
Dicas de Pesquisa e Fixação de Matéria para Sala de Aula
Um
filme interessante que aborda o Fordismo é “Tempos Modernos”, produzido
e estrelado por Charles Chaplin. O filme faz uma crítica ao sistema de
produção em série, além de mostrar a combalida economia norte-americana
após a crise econômica de 1929.
Para saber minha análise crítica comentada sobre o filme, acesse o artigo “Tempos Modernos – Análise Crítica Íntegra”.
Teoria Clássica da Administração
Jules Henri Fayol
A
Teoria Clássica da Administração, que criou o formato de
Administração/Gestão que nós conhecemos ainda hoje, foi fundada por
Jules Henri Fayol (Istambul, 29 de julho de 1841 – Paris, 19 de novembro
de 1925), que foi um engenheiro de minas francês e um dos teóricos
clássicos da Ciência da Administração, além de ser autor de “Administração Industrial e Geral”.
Fayol era
filho de pais franceses. Seu pai André Fayol, um contramestre em
metalurgia. Casou-se com Adélaïde Saulé e teve três filhos, Maria
Henriette, Madeleine e Henri Joseph, o último sempre hostil às ideias do
pai.
Criou o Centro
de Estudos Administrativos, onde se reuniam semanalmente pessoas
interessadas na administração de negócios comerciais, industriais e
governamentais, contribuindo para a difusão das doutrinas
administrativas.
Também
direcionou seu trabalho para a empresa como um todo, ou seja, procurando
cuidar da empresa de cima para baixo, ao contrário das ideias adotadas
por Taylor e Ford.
Juntamente com
Taylor e Ford são considerados os pioneiros da administração. Sua
visão, diferentemente de Taylor (trabalhador/operário) e Ford (dono),
foi a de um Gerente ou Diretor.
Em 1888, aos
47 anos, assumiu a direção geral da mineradora de carvão francesa
Commentry-Fourchambault-Decazeville, em falência. Restabeleceu a saúde
econômica-financeira da companhia.
Após 58 anos de estudos, pesquisa e observação reuniu suas teorias na obra Administração Industrial Geral, em 1916. Só foi traduzida para o inglês em 1949.
Fayol sempre afirmava que seu êxito se devia não só às suas qualidades pessoais, mas aos métodos que empregava.
Pesquisas
Henri
Fayol é um dos principais contribuintes para o desenvolvimento do
conhecimento administrativo moderno. Uma das contribuições da teoria
criada e divulgada por ele foi o desenvolvimento da abordagem conhecida
como “Gestão Administrativa” ou processo administrativo, onde
pela primeira vez falou-se em administração como disciplina e profissão,
que por sua vez, poderia ser ensinada através de uma Teoria Geral da Administração.
Outra contribuição da teoria de Fayol é a identificação das atuais quatro funções da Administração que são: PLANEJAR, ORGANIZAR, DIRIGIR e CONTROLAR (PODC).
Funções do Administrador
Anteriormente, Henry Fayol atribuiu cinco funções ao administrador dentro de uma estrutura organizacional, chamadas de PO3C:
1 – Prever e Planejar: visualizar o futuro e traçar o programa de ação;
2 – Organizar: construir o duplo organismo material e social da empresa;
3 – Comandar: dirigir e orientar a organização;
4 – Coordenar: unir e harmonizar os atos e esforços coletivos;
5 – Controlar: verificar se as normas e regras estabelecidas estão sendo seguidas.
Tais ações conduziram a uma administração eficaz das atividades da organização.
Posteriormente, as funções de Comando e Coordenação foram reunidas sob o nome de Direção, definindo o acróstico PODC. Ampliando mais um pouco, acrescentou Planejar, Organizar, Executar e Avaliar, assim, passando as iniciais para POEA. Porém, o PODC é a base que engloba todas as outras funções.
Não é de
esperar que surgissem outros métodos com outras funções, como Motivar,
Comunicar, Decidir, Assessorar, entre outras coisas. Mas vamos nos ater
em PODC.
Fayol também
criticava o excesso de matemática nas engenharias dizendo que a escrita é
mais importante. Ele também afirma que o ensino técnico tem muito mais
valor do que o ensino primário, já que ele é profissionalizante. Henri
Fayol mostra que várias coisas ensinadas no Ensino Superior são
obsoletas e o plano de ensino deveria ser mudado.
Na obra
“Administração Industrial e Geral” ele mostra como o engenheiro deve se
portar em seu ambiente de trabalho. Os conceitos abordados na obra nos
remetem a acontecimentos contemporâneos ao século XXI.⧫
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